O tango nasce no
final do século XIX, numa mistura de vários ritmos provenientes dos subúrbios
de Buenos Aires. Na
Argentina, o tango era sinónimo de paixão, melancolia e tristeza.
Conforme
sentencia uma famosa expressão “o tango é um pensamento triste que se pode
dançar”.
No entanto, ao contrário do que pensamos, o tango não “nasceu” triste
e argentino.
No
início, o tango em público era apenas dançado por homens.
Ao longo do século XIX, a jovem nação argentina incentivou a entrada de imigrantes europeus no país para que os mesmos pudessem ampliar a mão-de-obra disponível e, conforme relatos da época, “refinar” a cultura pelo contato com espanhóis, franceses, polacos e italianos. Formou-se uma imensa população masculina que deixava a família para tentar a sorte em terras estrangeiras. Em pouco tempo, o excedente populacional masculino possibilitou a abertura de diversos bordéis no país.
No final do século XIX, só a capital Buenos Aires contava com mais de 200 casas de prostituição. A grande circulação de pessoas nas casas de prostituição argentinas deu espaço para a encenação de números musicais enquanto os clientes esperavam a sua vez.
Fazendo jus ao seu local de origem, as primeiras letras descreviam situações libidinosas sobre os bordéis e as meretrizes. Por isso, durante algum tempo, era sinónimo de imoralidade. As pessoas de “boa índole” tinham verdadeira aversão à prática desse tipo de música dançante.
Por volta de 1910, emigrantes argentinos chegam a Paris, levando consigo o tango. A sociedade parisiense da época ansiava por novidades e extravagâncias. O tango transformou-se numa febre na capital francesa e, como Paris era o ícone cultural de todo o mundo civilizado, depressa o tango alastrou ao resto da Europa.
Nos cabarés de luxo da década de 1920, o tango sofreu importantes modificações. Os seus praticantes já não eram pequenos grupos que actuavam nos bordéis, mas sim músicos profissionais que trouxeram o uso do piano e mais qualidade técnica e melódica.
Gardel cantava o tango em Paris, Nova Iorque e muitas outras capitais do mundo, atraindo sempre multidões, principalmente quando se apresentava na América Latina.
A década de 40 é considerada uma das mais felizes e produtivas do tango.
As letras do tango passaram a ser mais líricas e sentimentais. A antiga temática dos bordéis e cabarés, de violência e obscenidades, era apenas uma recordação.
A fórmula ultra-romântica passou a caracterizar as letras: a chuva, o céu, e a tristeza do grande amor perdido. Passa a ter influências de Bach e Stravinsky ou mesmo de Cool Jazz. O tango ressuscitava.
Fontes: