quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Soqueira ou soco-inglês


A pergunta que se impõe é:

- As soqueiras são de tamanho único ou não?

Admitam, achavam que pergunta seria para que serve uma soqueira, não achavam? Ou talvez uma dissertação sobre a legalidade e a legitimidade do seu uso.

Pois que não. Toda a gente sabe que as soqueiras (ou ‘soco-inglês’) são para infligir mais danos ou ferimentos às vítimas da mesma, pelo que não faria sentido a pergunta. Quanto à legalidade, os nossos impostos já pagam a muitos para solucionarem essa parte.



 

Agora, se existem tamanhos S, M, L, XL para as soqueiras ou não, isso sim, será uma pergunta que assola muita gente (ou muitos gangues, pelo menos)!

Imaginem só o seguinte cenário: há uma discussão, a coisa torna-se mais agressiva, a pessoa mais ‘franzina’ até tem uma soqueira que resolve usar e, ao tentar desferir o golpe… a soqueira escorrega-se-lhe dos dedos porque é demasiado grande! Humilhação: esse é o resultado predominante; sim, porque há outros: não conseguiu o seu intento, enfureceu ainda mais o inimigo e, distraído com o ato humilhante, acabou por levar uma surra do adversário.


Agora imaginem o mesmo cenário mas com uma figura central de tamanho XXL: há uma discussão, blá, blá, blá… e, ao tentar desferir o golpe: a soqueira não entra nos dedos porque é demasiado pequena! O resultado dominante é o mesmo: humilhação! Sim, também aqui há outros: não conseguiu o seu objetivo, o adversário desata à gargalhada e, aproveitando a distração do outro provocada pela tentativa falhada, deu uma coça no ‘grandalhão’!


Há, aqui claramente, um nicho de mercado por explorar.

A Luxos da Plebe deixa a dica a todos os empresários empenhados no tão famigerado “empreendedorismo”.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Novidades - vinde a mim!

  • Já que é dia de uma nova comemoração da Implantação da Republica – sem feriado;
  • Já que temos novo Governo – uns pontos percentuais abaixo do anterior (e penso que é a única novidade neste ponto);
  • Já que temos uma nova RTP – a RTP-3;
  • Já que estamos numa nova estação do ano – o outono (com ‘o’ minúsculo);



Porque não uma nova Luxos da Plebe também?
Empolgada, aderi às novidades, ou seja, comecei a publicar – essa é a novidade.

Em síntese:
- a novidade da Luxos da Plebe foi publicar que tinha começado a publicar novamente.
 
“Ah, e tal… é fraquinho.”

Fraquinho?! Algum de vós, meros leitores passivos, tem noção do tempo que é preciso despender para se efetuarem as publicações num blogg?

Mas pronto, vá lá, já que aqui estou, vou partilhar convosco  alguns dados de síntese sobre os resultados das legislativas de 2015 em Portugal…” que encontrei num site que nada tem de faccionário…
 
“ Entre 2011 e 2015:

  • PSD e CDS perderam 730.765 votos (-25 deputados);
  • PS ganhou 182.050 votos (+12 deputados);
  • BE ganhou 260.947 votos (+11 deputados);
  • CDU ganhou 3.397 votos (+1 deputado);
  • PAN ganhou 16.999 votos (+1 deputado).

- O PAN conseguiu eleger pela primeira vez um deputado (distrito de Lisboa).

- O BE teve a sua melhor votação de sempre quase duplicando o número de votos e mais do que duplicando o número de deputados (de 8 para 19).

- A CDU teve o melhor resultado em mais de 20 anos.

- A soma dos votos de PSD e CDS ficou cerca de 2,5 pontos percentuais acima do pior resultado histórico alguma vez alcançado. (aqui parecia que ia melhorar mas... afinal não.)

- A abstenção foi a mais elevada de sempre numas eleições legislativas.”


Ou seja:

- todos ganharam exceto os partidos que efetivamente tiveram mais votos dos portugueses!
Maravilhoso!

segunda-feira, 1 de junho de 2015

“Abandonando nobremente quem nos deixa, colocamo-nos acima de quem perdemos.”



O abandono é triste.

Tenho para mim que este sentimento não é recíproco, só o sente o abandonado.

 

O abandono lento, gradual e inexplicável é ainda mais triste do que o outro: o abandono abrupto, de uma hora para a outra, com uma causa, por mais tola que esta possa parecer.

O primeiro, não é logo percetível para quem é abandonado e, por esse mesmo motivo, chega a ser cruel.

 

O abandonado, inocentemente, começa a achar que está doente: está só, sente um aperto no coração, as mãos tremem sem razão e o sono corre agitado. Depois começa a pensar que as pessoas não vão ao seu encontro porque têm as suas vidas, os seus empregos e afazeres – tudo serve para desculpar os outros. De seguida, e agora mais ignorante do que inocente, vem a fase da interiorização e, consequentemente, da culpabilização: devo ter dito ou feito alguma coisa muito bera, muito insultuosa – mas, por mais que dê voltas ao miolo, não consegue perceber o quê.

Na fase final, em que o silêncio e a solidão começam a ser insuportáveis, começa-se a sondar aqui e ali, procurando respostas para as perguntas que nem se sabe fazer.

 

Entre zunzums, um puzzle começa a formar-se. Há peças que demoram para encaixar mas, safanão daqui e dali, lá acabam por encaixar. Não é um quadro bonito, talvez por isso demore tanto a formar-se – é o quadro do abandono, com cores escuras e carregadas, como as nuvens que anunciam uma tempestade.

 

Perante semelhante quadro, o nosso próprio olhar escurece, entristece e, finalmente, percebemos que estamos sós porque fomos abandonados, lentamente, gradualmente… E as lágrimas soltam-se, exasperadas, tentando libertar a dor abafada no peito. Sem sucesso, porém.

 

Após a constatação da dura realidade, tudo parece mudar. Ficamos frios. Fechamo-nos para o mundo – agora somos nós que não queremos “os outros”. Os “outros” são cruéis, traidores, egoístas, fúteis. Não merecem um segundo da nossa atenção.

Ainda assim, e por baixo da melhor máscara, há uma dor que lateja, incessantemente, com a qual aprendemos a viver, ou a “sobreviver”.


segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Os Três Reis


 
A Luxos da Plebe acha que, se Jesus de Nazaré nascesse por estes tempos, amanhã seria visitado pelos seguintes Reis:

- O Rei da Vida Airada – mais conhecido por José Sócrates. Curiosamente o próprio também recebeu a visita de três elementos: http://sicnoticias.sapo.pt/especiais/socrates/2015-01-04-Jose-Socrates-recebe-a-visita-de-tres-elementos-ligados-ao-PS-de-Castelo-Branco

- O Rei da Bicharada – mais conhecido por José Castelo Branco, que em junho de 2014 passou a viver mais modestamente, como o próprio justificou: “«Os tempos mudaram. Antes, tínhamos quatro empregados. Agora temos uma e um meio, que é o marido. Ao longo da semana, parecíamos duas princesas numa masmorra!», diz o marchand. (fonte: http://www.lux.iol.pt/nacionais/betty-grafstein-jose-castelo-branco-castelo-branco-apartamento-moradia/1560885-4996.html )

- O Rei das Farturas – quem não conhece?! Dispensa apresentações e seria o único rei a levar qualquer coisa à santa criancinha;


 
Para os mais curiosos, a Luxos encontrou um blog muito interessante que vos apresenta ‘reis’ de tudo e mais alguma coisa, ao qual desde já apresentamos os nossos parabéns pela criação do mesmo e só lamentamos que não tenha tido continuação: http://oreide.blogspot.pt/

Feliz 2015!

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Era uma vez uma família portuguesa, como tantas outras.


 
Uma família numerosa, uma casa cheia.

A casa estava cheia de amor, carinho, risos, não de bens materiais ou dinheiro – esse escasseava sempre!

Todos os anos, por altura do Natal, quer chovesse quer fizesse frio, ninguém faltava à ceia de Natal, naquela pequena casa onde, para caber a mesa – que começava num quarto de dormir, passava pela cozinha e desaguava numa sala de estar – todo esse trajeto tinha que ficar desimpedido de móveis e eletrodomésticos porque, ou eram estes ou as pessoas. No Natal, optava-se sempre pelas pessoas.

 
Depois de desenvolvida toda a logística de remoção de móveis e equipamentos, passava-se à fase seguinte: a colocação das mesas. Poucos lares têm mesas com o mesmo tamanho ou altura, por isso, havia sempre um ou mais desafortunados que ficavam na união das mesas, com o prato todo inclinado, a ter que escolher entre uma e outra mesa para colocar o seu copo, a ter que levar com duas pernas de mesas diferentes entre as suas próprias pernas, etc.



O resultado final era uma mesa enorme, que praticamente dividia a casa ao meio e onde, de uma maneira ou de outra, todos lá iam caber. Ir à casa de banho ou ao exterior era uma aventura, que podia ser empreendida das seguintes formas:

1) por cima da mesa - normalmente crianças pequenas cujos pais não fossem supersticiosos e, mesmo assim, havia sempre um sermão dos que eram supersticiosos com o aviso de que dá muito azar passar por cima de uma mesa, embora nunca ninguém soubesse dizer  porquê – não importa, dá azar e ponto final, não se fala mais no assunto;

2)ou  por baixo da mesa – também aqui a tarefa esteve sempre mais facilitada para os mais novos porque, para além das razões óbvias, como o tamanho, achavam um piadão estar debaixo da mesa a fazer cócegas e a fugir daqueles que têm pouca destreza para os apanhar  depois, cansavam-se dessas traquinices e iam brincar ou tentar adivinhar em conjunto o que é que, da lista feita uns dias antes, o Pai Natal escolheu de presente para lhes dar;

3)e finalmente,  contornando toda a mesa, fazendo levantar toda a gente – aqui falamos dos seniores da família. As duas outras opções estavam fora de questão, por razões que também são óbvias, restava-lhes pedir licença e desculpa, a um por um dos que faziam levantar, até chegar ao seu destino. A dada altura iriam querer regressar ao seu lugar mas, como tinham percebido o alvoroço que se gerara, ficavam por ali mais um pouco (quer estivessem no interior ou no exterior) a empatar, a fingir que estavam a fazer não se sabia bem o quê - ninguém os deixava fazer nada para não se cansarem!


Era necessário arranjar toalhas de mesa suficientes e, mais ou menos a combinar, que cobrissem toda aquela mesa. Como não se faziam conjuntos de 30 do que quer que seja (pratos, copos, talheres, etc.), preenchia-se a mesma com todo o tipo de copos, pratos e talheres para que ninguém ficasse sem “ferramenta”.

 
Por fim, vinha o evento propriamente dito: o jantar de Natal (ou ceia, como queiram).

Que não se pense que, a esta altura, era só sentar e comer porque isso ainda estava longe de acontecer, numa família numerosa como esta.

Havia toda uma preparação necessária antes de a comida começar a ser distribuída pela mesa.

Três dias antes o bacalhau esteve a demolhar, com trocas de água diversas, em panelas industriais cobertas de água. De lembrar que este tipo de organização só é possível com a distribuição das diferentes tarefas. Havia alguém encarregue da “demolha do bacalhau”.



Já durante a tarde, uma pessoa ficava a descascar batatas e alhos; outra a lavar e a arranjar couves e grelos. Á medida que os outros começavam a chegar dos seus empregos, uma ia para um fogão fazer as rabanadas e os mexidos, outra ia para outro fogão fazer a aletria e o leite-creme. Estas precisavam ter muito cuidado em separar rabanadas com e sem molho; aletria com e sem canela; leite-creme queimado e por queimar – a ideia era conseguir agradar a todos e que todos comessem aquilo que mais gostavam, sem sacrifício (o das cozinheiras não conta, evidentemente…).
Os próximos a chegar dos empregos já iam ‘penicando’ as doçarias prontas, com as mais diversas desculpas: “não comi nada até agora; vocês sabem que eu só gosto disto quente; estava mesmo a precisar para me aquecer, se não como qualquer coisa não consigo fazer nada”; etc.

 
 
 Entretanto, começavam a chegar ao fogão as panelas industriais, usadas apenas nestas ocasiões, para cozer: o bacalhau, as batatas, os ovos, as couves e os grelos. Para quatro ou cinco pessoas menos apreciadoras do típico bacalhau havia sempre polvo; e entre o polvo cozido c/ batatas ou o polvo estufado c/ arroz ganhou o segundo e já há muitos anos que o arroz de polvo era também um prato tradicional do Natal nesta família.

Algures pela cozinha, alguém já pegava nas carnes para assar no dia seguinte, temperando-as e espalhando-as pelas diversas assadeiras, logo após são colocadas no forno, prontinhas a que na manhã seguinte seja só ligá-lo. Parecem os preparativos de um restaurante, não é? Tinha que ser ou corria-se o risco de nem às 4 da tarde estar o almoço pronto.

Os familiares que, nesse ano, ficaram de ir festejar o Natal com os sogros ainda passavam lá para desejar boas festas, petiscando das iguarias já prontas, como se quisessem levar um pouco do gostinho junto com eles.

Primeiro que os “panelões” cozinhassem o que lá estava dentro era um dia de juízo!

Quando as pessoas mais experientes declaravam que tudo estava pronto era necessário pedir voluntários, com alguma força braçal, para escoar a água. Normalmente eram precisos dois homens para levar as panelas grandes a escoar, o que, também normalmente era feito fora de casa dado o tamanho, o peso e a quantidade de vapor gerada no ato.






Conseguir que tanta gente se sentasse à mesa, anunciando que o jantar ia ser servido, requeria umas goelas de tenor ou de ardina e, mesmo assim, o anúncio teria que ser repetido algumas vezes até que, finalmente começasse a acontecer.

Começa então a ‘guerra’ de quem gosta do quê e como; quem tempera assim ou assado; o bacalhau está sem sal para uns, salgado para outros; os grelos cozeram demais para uns, e estão pouco cozidos para outros; as cozinheiras desculpam-se por não poderem agradar a todos e informam que para o ano será melhor (ao invés de dizer aos reclamantes que para o ano fazem eles o jantar!). Enfim, no final do jantar, os pratos ficavam rapados, todos estavam satisfeitos e meia dúzia deles já tinham um copito a mais na asa – já estava tudo a rir e a falar uns decibéis acima do normal.

O tempo passou e, aproxima-se a meia-noite, hora marcada para o Pai Natal aparecer com as prendas naquela casa. E não me venham cá dizer que nas outras casas está marcado há mesma hora porque não pode ser – o homem é grande e mágico mas não é omnipresente - não está ao mesmo tempo em toda a parte!

O melhor é parar com a discussão pois começo a enervar-me.


Bom, há hora marcada, mais coisa menos coisa, o Pai Natal lá aparecia e, também toda a gente sabe que para as crianças não se assustarem o Pai Natal nessa noite ficava ‘muito parecido’ com alguém lá de casa, tudo isso para conseguir alguma “familiaridade” naquele lar. Acho que acontece o mesmo nos outros lares por onde ele passa – o Pai Natal é ou não parecido com alguém lá de casa? Está tudo muito bem calculado e muito bem feito.

Nesta família, como em tantas outras, com tão grande numero de pessoas a distribuição das prendas só termina lá para as duas e meia da manhã, até porque o ‘pai natal’ já está com uns copitos e custa-lhe juntar as letras no “de:” e no “para:”, armando confusão e tendo que ser ajudado por quem escreveu os nomes.

Terminado o frenesim da distribuição de lembranças, a adrenalina geral começava a baixar, o João Pestana começava a bater à porta e as pessoas começavam a despedir-se, de coração quentinho porque sabiam que ainda estariam juntas no dia seguinte, para mais comida, jogos de cartas, jogos de tabuleiro familiares, etc.

Era assim o Natal especial desta família numerosa, como tantas outras…
 
 

Namorar com agricultor… quem não?!

Eu! Definitivamente, eu NÃO !   Ver mais em: https://luxosdaplebe.blogs.sapo.pt/namorar-com-agricultor-quem-nao-1107