quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Crónicas da Plebe - no Centro de Saúde


Um belo dia fui ao meu Centro de Saúde.

Entre os diversos assuntos falados com a médica de família, um deles era a informação de que tinha ido na semana anterior à especialidade de Neurologia e o médico especialista tinha-me prescrito um exame, que até já estava marcado.
A médica, simpaticamente, perguntou-me se era possível, após obtenção do relatório do exame, enviar-lhe uma cópia por mail para o endereço de mail do Centro de Saúde, ao seu cuidado.
Com certeza que lhe disse que sim senhora, que não me custava nada (achava eu, na altura).

Era uma daquelas épocas, como na altura em que todos os eletrodomésticos avariam lá em casa, com as doenças acontece quase o mesmo: aparecem uma variedade delas quase ao mesmo tempo.
Eis senão quando, dei por mim a precisar de levar umas injeções por causa de um ‘mau jeito’.

Numa dessas ‘idas à injeção’, dirigi-me à senhora do balcão de atendimento e perguntei-lhe se podia deixar com ela cópia do relatório do meu exame a ser entregue à minha médica, como prometido, escusando de fazer o envio por mail, que depois teria que ser impresso e indexado ao meu processo.
 
A senhora gentilmente respondeu:
- Com certeza, menina. São 3 euros, se faz favor.

Sorri, pois por meros segundos pensei mesmo que fosse uma piada.
Não era.
 
Seguidamente, supus que só podia tratar-se de um engano ou de alguma falta de comunicação e tentei, calmamente, explicar:
- Este exame não foi prescrito pela médica de família, eu apenas informei a Sra. Dra. que o tinha feito, que fora prescrito pelo meu Neurologista, e ela perguntou se eu lhe podia facultar uma cópia para anexar ao meu processo, só isso.

- Sim, sim, eu percebi – retorquiu a senhora, enquanto imprimia a fatura dos 3 euros.
 
O espanto: extorquida pela Segurança Social, a quem
 entrego todos os meses 11% do meu ganha-pão!
Perante a realidade absurda do que me era pedido, começaram-se-me a subir uns calores, que penso terem sido fruto da adrenalina provocada pela sensação de estar a ser extorquida, de uma das piores formas que já tinha ouvido falar!
 
A minha voz, quando voltei a falar, consequência do estado em que já me encontrava, surgiu nuns tons acima dos de até então – nem sei bem se para a senhora do atendimento, se para mim própria, a interiorizar se estava a perceber bem:

- A senhora está a dizer-me que eu tenho que pagar 3 euros por um relatório que não foi pedido pela minha médica, que eu própria copiei e imprimi, para fazer o favor à minha médica assistente que o quer anexar ao meu processo?!
- respondeu, já meio enfadada por
eu me estar a repetir...
- Exatamente – respondeu, já meio enfadada por eu me estar a repetir – é o mesmo valor de uma consulta à distância, por telefone, por exemplo.

- Mas só por mero acaso, por andar a tomar injeções é que eu posso entregar o documento em mão pois era suposto enviar o relatório por mail! Se assim fosse, não havia lugar a qualquer pagamento ou havia? – desafiei-a eu.
- Esse valor ficaria aqui pendente no seu processo e, quando cá voltasse, ser-lhe-ia cobrado – arrumou comigo.

- Como assim? Mesmo que eu só voltasse daqui a 10 anos? Não posso crer que eu andaria descansada na minha vida e com uma dívida à segurança social, sem saber que a tinha – reparei que a minha indignação começou, ligeiramente, a constranger a senhora.

- São as regras, não sou eu que as faço – disse, dando-me a sensação de que começava a perceber o ridículo daquele pedido de pagamento mas que, simultaneamente, não podia alterar as regras impostas.
- Sendo assim, vai-me desculpar mas eu não vou deixar o relatório, nem o vou enviar por mail. Da próxima vez que estiver com a médica explicarei porque não o fiz.

Assim foi. A senhora ficou aborrecida pois já tinha impresso a fatura –azar – agora o que é que lhe fazia. Assenti que esse problema era dela, não meu – foi de alguma frieza, bem sei, fruto da idiotice do pedido.

Fica o aviso, meus amigos. Não faço ideia por quantas mais coisas serão cobrados os 3 euros (ou outros montantes) mas cuidado com os telefonemas e os mails, tudo se paga, aparentemente.

 


 


Ficou-me apenas uma dúvida por esclarecer: a médica faria ideia de que me iriam cobrar por aquele favor?
 

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